quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

METAMORFOSE

"...Lembro-me de uma manhã em que eu havia descoberto um casulo na casca de uma árvore, no momento em que a borboleta rompia o invólucro e se preparava para sair.Esperei bastante tempo, mas estava demorando e eu estava com pressa.
Irritado, curvei-me e comecei a esquentá-lo com meu hálito.Eu o esquentava impaciente e o milagre começou a acontecer diante de mim, a um ritmo mais rápido que o natural.
O involucro se abriu, a borboleta saiu se arrastando e nunca hei de esquecer o horror que senti então: suas asas aindas não estavam abertas e com todo o seu corpinho que tremia, ela se esforçava para desdobrá-las.
Curvado por cima dela, eu a ajudava com meu hálito, em vão.Era necessário uma paciente maturação, o desenrolar das asas devia ser feito lentamente ao sol: agora era tarde demais.
Meu sopro obrigava a borboleta a se mostrar toda amarrotada antes do tempo.Ela se agitou desesperada e alguns segundos depois, morreu na palma de minha mão.
Aquele pequeno cadáver é, eu acho, o peso maio que tenho na conciência.Pois hoje entendo bem isto: É um pecado mortal forçar as grandes leis.
Temos que não nos apressar, não ficar impaciente, seguir com confiança o ritmo eterno."

Nikos Kasantzaki

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